segunda-feira, 18 de maio de 2015

Vida e Morte de BB King

Muito tem se falado sobre a recente morte de um dos maiores nomes do blues de todos os tempos, mas poucos se aprofundam no assunto e falam muito superficialmente desse grande mestre. Falar sobre ele aqui no Chuva é bastante pertinente, já que a essência do Rock and Roll veio diretamente do nosso velho parceiro Blues.

Primeiramente vamos entender o que é o blues: ele tem como característica suas letras baseadas em temas populares entre a classe trabalhadora e os sofrimentos dos negros. A palavra "blue", na cultura norte-americana, tem por si só uma conotação que remete a tristeza. Outra característica do blues é sua parte instrumental, que preza pela sua expressividade.

Em uma época que o blues era nada mais do que uma expressão popular, no caso um movimento predominantemente de pessoas negras em um mundo cercado por racismo, a ideia de eletrificar instrumentos musicais criou um diferencial nesse movimento. Muitos nomes se consagraram nesse meio, como Willie Dixon, Muddy Waters e o próprio BB King. Seu estilo de tocar é baseado em expressividade, onde cada nota tocada é tão importante quanto qualquer outra, muito contrário aos posteriores guitarristas virtuosos dos anos 80. Uma frase atribuída a ele expressa muito bem essa ideia: "Posso fazer uma nota valer por mil".

O jovem Riley Ben King teve uma infância difícil nos campos de algodão, onde conheceu desde pequeno o antigo blues. Com o intuito ganhar dinheiro como músico, foi para a cidade de Memphis, no Tennessee, onde se encontrava o núcleo dos músicos do sul dos EUA. Na cidade, King descobriu um músico que tocava blues com uma guitarra elétrica chamado T Bone Walker, uma de suas influências. Em 1948 surgiu uma importante oportunidade para ele: atuar em programas de rádio fazendo propagandas, o que serviu para que ele conseguisse novas oportunidades no meio e assim começasse a fazer seu nome.

Depois do sucesso de uma de suas músicas, Three O'Clock Blues nos anos 50, King ganhou certo nome e começou a tocar em bares quase todas as noites. Em um desses eventos, ocorreu um incêndio no qual a briga de dois homens foram a causa do acidente. Posteriormente, King descobriu que a briga aconteceu por causa de uma mulher chamada Lucille, nome que King começou a atribuir as suas guitarras e depois o nome que foi usado nas suas guitarras assinatura da Gibson.


Após consolidar seu nome do meio musical, no final da década de 60, King fez parte de grandes festivais nos EUA e também no exterior, ganhando também diversos prêmios por suas também diversas obras, assim como ser nomeado ao Blues Foundation hall of Fame, em 84, e ao Rock and Roll Hall of Fame, em 87.

Apesar da certa decadência do blues nos anos 90, que foi também marcada pela morte do principal nome da revitalização do blues, Stevie Ray Vaughan, King mantinha seu nome no cenário criando casas de show ao longo dos anos.

BB King é considerado um dos maiores guitarristas do mundo por seu estilo característico e por sua influência em outros grandes nomes da música, como Jimi Hendrix e Eric Clapton. King fez shows até que seus problemas de saúde não o permitissem mais, problemas os quais o levaram a morte no dia 15 de Maio de 2015, aos 89 anos.

Um comentário:

  1. Outro adjetivo pertinente ao BB King é "trabalhador"... Um verdadeiro workaholic.
    Nos anos 60 chegou a fazer 350 shows por ano embarcado em seu busão.
    Trabalhou até no ano de sua morte.

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